quarta-feira, 30 de novembro de 2022

O homem que frutificou (2)

             Fiquei na conveniência do posto de gasolina na esperança de que alguém, desesperado para abastecer e fugir da cidade deserta, aparecesse por lá. Passaram-se semanas até que eu percebesse que estava consumindo comida teoricamente inadequada para seres humanos por estarem depois da data de vencimento. Vários animais apareceram por lá: gatos, cachorros, pássaros, lagartos... Achei que era hora de pegar um dos veículos mais preparados para enfrentar distúrbios civis (no caso de zumbis e animais grandes, fortes e perigosos), abastecê-lo ao máximo e levar alguns galões no porta-malas. O máximo de conservas alimentares que ainda pudessem ser consumidas e verificar se algum sistema de localização por satélite ainda estaria funcionando.

            Depois de estar lotado de provisões, abastecer um veículo blindado, cuja chave achei num monte de cinzas humanas, perguntei-me sobre qual direção seguir, quando tive a ideia de ligar o rádio e ficar sintonizando aleatoriamente até achar algum pedido de socorro ou algum convite para me esconder. Depois de horas consumindo minha provisão de ovos de codorna, picles, tomate seco e cerveja, percebi uma voz distante em outro idioma que eu não conhecia. Continuei ouvindo e tive a impressão de que a mesma mensagem estava sendo enviada em mais de um idioma, até que a ouvi em mais de um idioma que eu rudimentarmente conhecia e tive certeza: alguém estava tentando contactar sobreviventes. Quando finalmente a mensagem foi dada num idioma que eu conhecia, era uma instrução para que eu fosse até o aeroporto mais próximo e realizasse operações que eu não entendi, mas supus que entenderia se estivesse diante dos ditos equipamentos necessários.

            Para minha sorte, a cidade em que eu me encontrava possuía um aeroporto e para lá fui em meu carro blindado me empanturrando de comida em conserva para o caso de ser uma armadilha: ao menos, morreria de barriga cheia!