sábado, 4 de dezembro de 2010

Alegria e tristeza

Bonjour,

Todos os dias recebemos e-mails de todo tipo. Desde que criei o Avangardix, em 2003, recebo vários e-mails de pessoas agradecendo ou pedindo coisas (coisas que eu não posso fornecer, porque o Avangardix é o professor Fábio, só, e não uma empresa que dá muitas coisas de graça porque ganha muito dinheiro com outros negócios, como a Google).

Mas nesta manhã de sábado, um estudante da Bahia (futuro herdeiro desta nossa profissão) me escreveu para agradecer pelo trabalho que faço, mas também para dar uma triste notícia: é possível que seu curso de francês, instalado na Universidade Estadual da Bahia, feche as portas.

Jackson é o único aluno da (talvez) última turma do curso. Por quê?

Num mundo em que as pessoas procuram aprender línguas apenas para colocar no currículo, valem mais aquelas que estiverem em evidência. Quem faz curso de francês é considerado de segunda classe, revoltadinho, anti-capitalista e, básico, gay - como se só houvesse gays na França e como se ser gay fosse um crime hediondo.

Nessas horas eu me pergunto: "Cadê a França?" "Cadê o país das Revoluções?" Nós sabemos muito bem onde ela está. Está expulsando os indesejados de suas fronteiras, achando que fará do seu espaço um lugar mais seguro e, provavelmente, mais "bonito".

No "Ano da França no Brasil" tivemos lindos (e caros) espetáculos, ensaiamos até a compra de caças ultramodernos (e caros), mas políticas de contato do brasileiro com a língua e a cultura francesas, não. Quantos filmes e músicas franceses estiveram na TV ABERTA e nas radios POPULARES deste país? Quantos autores franceses BEST SELLERS tiveram suas obras traduzidas e publicadas no Brasil? Acho que não precisamos responder...

E sabem qual o resultado disso? Um solitário Jackson de Jesus lutando para não ser o último de sua "espécie": o brasileiro que estuda francês no século XXI.

Perdõem-me pelo excesso, mas isso já estava entalado há tempos e eu precisava dizer.

À plus.